Além das Folias de Reis, outros três bens culturais já foram reconhecidos como patrimônio imaterial do Estado: o Modo Artesanal de Fazer o Queijo da Região do Serro, em 2004; a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte, em 2013; e a Comunidade dos Arturos, em 2014.
Durante um ano, equipe do Iepha cadastrou mais 1200 grupos de 326 municípios
As Folias de Minas receberam nesta sexta-feira (6/01), o reconhecimento de patrimônio cultural de natureza imaterial do Estado de Minas Gerais. Em reunião realizada na Casa Fiat de Cultura, no Circuito Liberdade, em Belo Horizonte, a tradicional festa da cultura popular mineira recebeu aprovação de todos os membros do Conselho Estadual do Patrimônio Cultural – Conep, e se junta a outros três bens já registrados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – Iepha-MG.
O Iepha-MG apresentou ao Conep, instituição formada por integrantes de instituições públicas e da sociedade civil, os resultados de um ano de pesquisas e que revelaram mais de 50 tipos de devoção e uma grande diversidade de folias no estado. Com 106 grupos, Uberaba, no Triângulo Mineiro, é o município que possui o maior número de grupos cadastrados. Em seguida, João Pinheiro, na região noroeste do estado, aparece com 34. Dos 1.255 grupos que realizaram o cadastro, 883 se declararam devotos aos Santos Reis, 255 a São Sebastião, 193 ao Menino Jesus e 130 ao Divino Espírito Santo.
Para Angelo Oswaldo, secretário de estado de Cultura de Minas Gerais e presidente do Conep, o Estado cumpre com o seu papel ao investir em pesquisas que resultam no reconhecimento de manifestação cultural tão presente na vida dos mineiros. "Os reizados representam uma das parcelas mais ricas do patrimônio cultural mineiro, e nós estamos reconhecendo tanto as folias de reis quanto as do Divini Espírito Santo, São Sebastião e São benedito", diz o secretário. "São milhares de pessoas em Minas Gerais que mantém viva essa tradição", celebra.
Michele Arroyo, presidente do Iepha-MG, destaca que, pela primeira vez, o Conep reconhece um bem de natureza imaterial que está presente em todo o estado de Minas Gerais. “A metodologia participativa para o reconhecimento e identificação do patrimônio cultural, seja material ou imaterial, reafirma o compromisso do Iepha-MG de ouvir as comunidades detentoras do saber e estabelecer um diálogo com as pessoas. Mais uma vez encontramos na cultura popular umas das maiores riquezas do estado, uma tradição”, ressalta a presidente.
Além das Folias de Minas, outros três bens culturais já foram reconhecidos como patrimônio imaterial do Estado: o Modo Artesanal de Fazer o Queijo da Região do Serro – em 2004; a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte – em 2013; e a Comunidade dos Arturos – em 2014.
Patrimônio material
No último dia 20 de dezembro de 2016, o Conep também aprovou por unanimidade o tombamento do Centro Histórico de Grão Mogol, localizado na região norte do estado, e que se junta a outros bens culturais já protegidos por tombamento e reconhecidos como patrimônio cultural de Minas Gerais.
Três séculos de Folias de Minas
As folias possuem mais de três séculos de prática e forte representatividade na religiosidade e cultura mineira. Em geral, são organizadas por um grupo de devotos, saindo na chamada “jornada” ou “giro”, que passa pelas casas da comunidade, cantando e festejando para o santo de devoção do grupo.
Estas manifestações culturais acontecem em todo o território mineiro e se revelam de diferentes formas e com várias nomeações. Chamadas também de “terno”, “charola” e “companhia”, os grupos se organizam para homenagear diversos santos, e não apenas os Reis Magos, como acontece nas Folias de Reis.
O processo de reconhecer uma manifestação tão significativa em um patrimônio imaterial é de extrema importância. Quando um bem é reconhecido, além de ganhar visibilidade, tornando-se mais conhecido, faz com que o poder público se comprometa com o estabelecimento de medidas de salvaguarda, capazes de incentivar a perpetuação da manifestação cultural.